domingo, outubro 11, 2009

ACALANTO






Lembro que
Sentava no teu colo
Nas tardes em que te visitava

Certa vez
Vestia tecido floral
Que inspirava brandura

Era como leito no desalinho
 Do tempo apressado
Aconchegado de rugas
Da tua doçura


Lembro o cheiro de alfazema
Diluindo as inquietudes
Que se misturavam
Às tuas cantigas
Em imagens coloridas


O tempo passa, vó
Feito teu talco
Que se espalhava depois do banho
Ficaram as sensações de cores, cheiros
Sabores da tua passagem
E não te alcanço
Com minhas vistas

 Sinto saudade
De vê-la  assim, na cadeira
Espreguiçada


Vê-la  Senhora
Testemunha da vida
Escritora de obra inacabada


 Ainda te vejo
Com olhar tão distante e sereno
Despreocupada

Como quem já tivesse
Desfeito os laços
E de malas arrumadas
Esperasse apenas a despedida... 


MARIS 

Foto de 1918 - Restaurada por Guilherme Motta. Foto de Antônia Maria Motta


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