JANELAS ABERTAS

Da janela

Espio

Respingos

Pingos

De chuva breve

Talvez



Brisa leve

Não espero ninguém

Mas espio

O céu nublado

Deste 3 de março


Respiro

Uma preguiça gostosa

Vazio sabor de pausa

Desta besta correria

Alienante


Ah, como é doce espiar

Espio a chuva

Ouvindo Cranberries

Debruçada em mim


Sem me preocupar

Com a hora

As contas

Compromissos

Satifações

Informações

Noticiários



Somos eu e a chuva

E essa janela

Totalmente aberta

Sem expectativas

Sem esperas




MARIS FIGUEIREDO

Ovulando...

Não sou triste
Gosto do gosto desse distanciamento
De ouvir esse tumulto que abafo
Na correria dos dias

Ouvir meus barulhos
Minhas portas que se fecham
E abrem

Descansar no canto do meu canto
Ouvir música e sonhar
Dentro de mim

Não sou triste
Gosto do gosto desse distanciamento
De ouvir os silêncios que abafo
Na correria dos dias

Ouvir minhas pausas
Minhas janelas que se abrem
E fecham

Gosto do gosto de correr pela casa
Seus corredores estreitos, largos
Os cômodos com seus guardados

Separar o que ainda de mim faz parte
Daquilo que já não me serve  mais...

Maris Figueiredo