sexta-feira, setembro 20, 2013

HERANÇA APÓS O DECÁLOGO


1º Encontraria saída dos labirintos seus. No embaraço de teias, não encontraria respostas, mas as pontas dos fios... 

 2º Haveria perguntas por toda parte. De movimentos indagadores faria artes, artefatos, armadilhas, artimanhas... Brincaria, escreveria, dançaria, amaria sem mais... 


3º Abraçaria o mundo, se emocionaria com as coisas simples e seu peso de teor filosófico e caótico: ser, estar, existir! Olharia o quintal pela janela, não conseguiria resistir o abrir de todas as portas... E um vento absurdo de gostoso secaria as roupas na corda... Um sabor de fruta no pé inspiraria poesias e prosas...


4º Celebraria o divino em si, em dó, em todas as notas... Maiores, menores... De tons e sem tons no fundo da alma musicalmente amorosa, docemente inquieta e desnuda dançando no céu vasto das indagações...


5º A vida atonal jamais se repetiria com o automatismo insano e insosso. 


6º Cada vez que olhasse,  não veria as mesmas coisas. Nem sempre, o "de sempre" teria o mesmo gosto. Toda vez que se enrolasse, rolaria e transformaria as velhas formas. 


7º Sua luz passaria pelos espaços, laços largos, estreitos, desfeitos... Mudariam focos, sombras...Os raios de luzes em cores num brilhante sol, energizariam a aura.


8º E o que prenderia às teias, por fim, seria o que solta.  Seria assim, a tal liberdade, um tipo de plenitude  desconhecida dos conceitos inúteis, dos rótulos, dos pesos de pensamentos desligados na beleza de ser simples...


9º Viajaria  mundos, abraçando as interrogações de nós que se desfazem e  parindo entrelaces que surgem...


10º Revelaria a si mesmo com simplicidade o único mistério da vida: a identidade construída.  Faria brilhar a própria luz...



MARIS FIGUEIREDO

Nenhum comentário: